quarta-feira, 31 de agosto de 2011

nada

entre falhos paradigmas
ressabiamos vontade passageira
calo-me em recanto paradoxo
impelindo desconchavos indevidos
julgando modificações mórbidas
saciando anamórficos desejos
volto em ti a vezes quando
cabe a pouco ressentir
colérico rarefeito sofrimento
ausenta-me em segredos
o tempo se foi não agora
ficou-se nada em pratos limpos
fora longe de encontro
e de sozinho tanto
fico aqui...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

disfarces

mais que simples histería
conselhos baratos enfatizados
de algum modo as vozes calam
acalmando olhos gananciosos teus
nada perde-se em vão
em prol do sofrimento
deixo escapar palavras fúteis
esquecimento descarado
prende calmamente
poucas horas confortos
mordem raiva entre os dentes
aplicações moldáveis argila
enegrecidamente amarelados
julgamos os promenores estragos
pouco a pouco entorpecidos
inalamos fumaça
ressabiados em pequenos disfarces
não muito restante
segundos após a anestesia
acostume-se com a posição
será dificil mais daqui em frente

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

sobras

tomo eu como blasfêmea
decrépita análise sobre amor
teu que assedia em flâmura
pairando lacônicamente breve
assegurando paliativos táteis
faz de conta ao esmo credo
de ateu fui pronto a quarentena
a dilatar pupíla minha
ver de sangue cabeça escorre
a clava que avença o juízo
rumo contrário a razão
viçando crédulos precários
munimo-nos eu tu e solidão
de pedras e tegumento
resguardo ao ímpeto relento
que fissura jamais houvesse
a separar minha mão da tua
e ao pouco esforço acatar
sendo postos caminhos diferentes
esquecemos que tinhamos em sobras
muito ainda o que lembrar

terça-feira, 16 de agosto de 2011

ao soluçar a benção da sombra

frialdade inodora
de abrupta empatia
na iminência do oposto
chego hora cedo
cansado de desgosto
vendo lágrima tua
escorrer sem vontade
ode a nostalgia
abanstema altivo sombra tua
volta ao assombro
esqueca-me
desabriga eu vontade tua
canso-me lamúrias frágeis
amor desgosto âmbito de estrago
chore comigo tu
nossa dor é passageira
vez outra que sentir
não diferença faz
certo de pouco receber
prefiro nada a mendigar
o resto que tens a oferecer
eu já não choro nem tu

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

razão metafísica


onde se encaixa a inércia
da ação e reação morosa
encaixotada em teorias
relativas técnicas distintas
foda-se a vertente cientifica
presos na mesma metafisica...
caos dor sofrimento
não existem para nós
colagens desfiguradas de átomos
simplesmente somos
arriscar o último fosforo
misturar medo
com vontade de errar
Raciocine depressa
trabalhe inutilmente
dois mais dois sempre
resultados diferentes
e se formos semelhantes
cairemos no esquecimento
talvez criemos novas diretrizes
mas ainda somos idiotas


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

controvérsia

diáspora nossa
partimos direção ao desconhecido
conhecimento fragilizado
percamo-nos em trevas
sombras de nós em outros
congruência falha
que ao sofrer tente
tensiona nuca minha
linfa não há que sacie-nos
por de fato paradóxo
erramos em escolhas simplórias
aversos a natureza
em paradigma controversos
escusamos subversivos movimentos
sempre postos contrários
casca ao miolo não atende
resignamo-nos incerto
em lamúria ferrenha de encosto
sofro eu em corpo e tu

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

segredos

escopo nosso
hipocondria branda
troco miúdos segredos
frases ausentes de choro
trago pouco
tosse é demais arriscada
o silêncio não mais conforto
para como desculpa usarmos
oramos por nada nós
nenhum bocado sequer
talvez o pior que se passa
ficou encrostado em rugas
nossas que vacatura esmeram
e de cada exumo descuido
voltamos começo a sós
cada rumo ao lado oposto
sem olhar não para trás



tristeza

rebento-me
efêmero sentido
táctil hostilidade tua
absentismo coloquial
sempre dispostos ao excesso
dois qualqueres pregos ao chão
somos estáticos
albergados frágeis em centro
feridas expostas
tácito adeus esporádico
subalternos recolhos
estivemos ávidos de desentendimento
sofrêramos livres arbítrios
optando pelo podre
encubado pesar louvamos
ao amor que resistimos
chama nome que se preze
dei de conta por qual tristeza
perder eu de vista tua
recolho-me

terça-feira, 9 de agosto de 2011

amor sincero



ao mesmo tempo


amei com medo tu
medo de sermos iguais aos erros
enraivo-me
juro maldições
passamo-nos e voltamos eu,
temendo ódio,
ódio ao outro
vida inteira, de nada
vida nossa eternamente ingrata
suprimos as desnecessidades
fomos felizes por um tempo
para sempre todo sempre até o fim
fim próximo, o fim eterno
fim de tudo que é sagrado
somos dois profanos e sempre seremos
andamos a caminho do fracasso
em busca do que é seguro
nos perdemos sem parar
sentindo ar carregado
rasgar dentro do peito
estripando-nos pedaços

perto de mais daqui
daquele lugar que chamamos
casa de lar de descida
colina a baixo a cima
em cima da colina
descemos demais devagar
para dentro do lado de trás
fora a fera a solta
no mesmo erro secreto
carecemos de prantos forcados
erroneamente nomeados
prantos de amor sincero

gestos



portões metálicos trancafiados
separam meros lamentos forçados
pronunciam lentamente
verdadeiramente insignificante a fuga
ficou ausente tempo pouco

carecemos de pequenos gestos obscenos
que traduzem dor insistente
remetem ao oco preenchimento
dos olhos que tanto oferecemos

tendo o fator inacabado
querendo mais que outros
ficar não inerte tanto
perdeu em momentos errantes
curtos demais para nós

domingo, 7 de agosto de 2011

falatório dormente

avassalam dementes
palavras poucas
da boca suja nossa
verdades espinhentas
ser sobre o que seja
o demônio a espreita
funga nossa lamúria
deliciando-se corpo
pedaço a pedaço arranco
trépidos olhos não abrem
veja tanta merda colecionada
em frascos devidamente herméticos
muito dizemos
falatório dormente 
em retóricas anchas
cospindo rebordosa ignorância
de tua minha enegrecida gargantas
versos insossos das lembranças
já tempo não mais nossas

queda

horizonte longínquo
inescusável frigidez
capengamos pasmos
com resultados anamórficos
indagando o apriorismo
ousadia de pobres nós
mesmos eu e poucos
isometricamente amo
pouco sei resposta
calo-me quando suposto
avistando ao ralo
palavras amantes do medo
faço proveito do nada
abstenho de mutualidade
tão quão longe o bastante
não vejo ao caminho ninguém
arrependo em decisões patéticas
passo curto em frente movo
ao buraco descer em caída
para voltar não atrás
implorar tudo de novo

sábado, 6 de agosto de 2011

erro

dúvida
escolhas precisas
indecisas?
certamente imperfeito
fraco de caráter
erro
sempre o mesmo medo
passo frente
trás...
volto ao ponto de zero
ficar ir partir voltar
qual caminho seguir?
ficar aqui parado
acumulando remorso
melhor opção para que?
decepcionar o próximo
talvez seja esse, eu.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

jocosamente contagiante

pena moral
jocosamente contagiante
espatifamos ao outro
berro de agonia falta
infausta soberba
temos conta de nós outros
vemo-nos entrefolhos
onde idiossicrasia simbiótica
grita soluços frágeis
perto de vagas lástimas
aviltamos vezes muitas
a faculdade intuitiva
onde postos a errar
compramos consciência
depreendendo-nos
as conjecturas lógicas
quando corpo nosso
recusa entender
expiramos meios sintéticos
amamos depressa nós
com a fobia insistente
de sermos tão imorais

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

escrevendo

falando sozinho
tagarelar infundado
vagando ao abismo cinza
matéria orgânica
processo de decomposição
somos eu
sou
cada vez parado mais
perco tempo bastante
para sonhar novamente
falo sozinho
sentidos apurados
penso sozinho
sozinho a impressão
de que só tenho
o que escrevo

telhas

antes do fracasso
vejamos os melhores caminhos
perseguimos vozes distantes
que cagam mentira boca a fora
soma desigual dos fatos ermos
não fazer nada contragosto
olhos errados cansam
olhe bem para mim
indiferentes somos eu e tu
quietos ao silêncio das plantas secas
rodeado de pedaços plásticos
telhado de vidro infectado
onde a mão chegar não quer
verdade sua desacraditada
se fosses competente como achas
não temias pelo próprio cu

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

tardar

parvo sentimento
caloroso conforto bastasse
não sermos indiferentes
perante chuva fraca eu
avistei avisos frenéticos
inalando cuidadosamente fumaça
ávido de melhoras congruentes
demoro
volto em tardia
caso seja estrito
temo por minha cabeça
errante em tormento muito
fui
fresta lacerada manchas alvas
túnica dos supliciados
face frente a morte
sabedoria esquemática
vindos e idos agora tarde
chego ao ponto de sorrir
imaculado de sofrimentos diteis
deixo de lado o choro
embora tarde eu sigo
vou

terça-feira, 2 de agosto de 2011

esperar-te-ia

subterfúgios
das caracteristicas de
pretenção desassisada
endemia carcamana
vende se vende
pequenas vozes
corações québricos
tendo fogo arder
ei de pecar pouco tarde
amores eternos
miudezas não necessárias
fraco de natureza
ébrio desajuste neural
amei-te eu pouco demais
errei cada coisa pequena
fiz de nada conta
teve jeito quebra-se tudo
outrora nada sorrirá
nem vontade tenho eu
não vou ter
ficar
sem querer 
pretendo voltar
espere-me em porta 
braços e corpo
espere-me

andança

mais que o tempo possa parecer castigo, não vejo a hora de tentar prever o futuro e dizer-te que cansei-me das mesmas besteiras pregadas a cara minha. outra vez que se foi rapido demais a vontade passageira de ter de conta uma felicidade pouco duradoura, eu vi em outras vezes tantas quantas fossem, para muito distante da nossa triste e pequenina realidade acidentada, a verdadeira noção de felizes sermos nós. mesmo assim tentei e repeti diversas vezes a fábula, impregnada de contrastes mórbidos, ao dizer-te sempre estar algo em que nunca me tive antes. e antes que tardasse demais eu tentei. puta que o pariu. como eu tentei fazer de nós mais que dois meros andarilhos descalçados postos a sangrar ao relento, deitados de peito para cima, esperando a chuva lavar nossa cara repugnante. se ouvisse melhor com tuas próprias orelhas, e não castrasse nossos sentimentos toda vez que prontificássemos a combater o vigor insaciável da inércia preguiçada, chegassemos talvez em algum lugar nós. mas não andamos ainda. nem um pouco nem nada.