ouvimos rumores por
cima dos muros
nas casas dos outros
olhos aflitos
cospe da boca toda a
sujeira
o seu lugar é aqui
conosco
espelhos de nós somos
outros tantos medos
medo do escuro e das
luzes acesas
trememos os dedos e
marcas na pele
alimentamos ácaros e
culturas ocidentais
somos frutos
vertebrados amargos
respiramos o cheiro
do ralo
para lá em que
corremos
fugindo do estrago
criamos bonecos de
barro
para disfarçar os
espasmos
tememos um deus de
ganância e desespero
construímos qualquer
identidade
não somos filhos de
ninguém
vendemos nossos
corpos a céu aberto
por que para nós
só resta o conforto
do inferno