destilou o veneno das sombras
e aqueceu em colher de prata
saboreando o borbulhar
em gotas de sangue e orvalho
orgasmo programado para começar
as sete da manhã ou de tarde
a noite não vai demorar
queria um pouco de confiança
mas recebeu uns trocados
doses de café
cigarros queimados
ouvindo o som pelas janelas
passos e pombos apressados
cuidando para não cair pelas beiradas
sacadas e quedas intermináveis
se protegeu do frio
cobrindo a nudez e o pescoço
com certezas e mentiras
escolhidas a dedo
dedos sujos de carvão e lágrimas
sentiu o amargor suave
e deixou de lado as vozes
que lhe insistiam em dizer adeus
deuses e santos de barro e gesso
detalhadamente pintados
toques suaves de vermelho e dourado
gostou das cores
do sol que nascia cansado
pronto para morrer de saudade
dos brinquedos guardados
em caixotes de papelão
do mesmo lado da moeda
estavam os rostos apagados
e os sonhos
que nunca voltou a sonhar
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