segunda-feira, 15 de outubro de 2012

delicadas doses


benzodiazepínicos e a promessa de uma vida feliz
sorria para as câmeras o céu está lindo demais
dentes para fora da cama o pé descalço e as meias
as veias saltando pela janela aberta que venta
acalma o couro usado de nossos lençóis
os cigarros calados se apagam dedos gelados
lança perfume perfurante cauterizante 
carregado de remorsos
seis tiros de mágoas e palavras de amor
o peito aberto afago chora e sorri
lembra das horas perdidas de sono alucinadas
embebidas em éter e fluidos corpóreos
as doces mentiras anêmicas as delicadas doses de morfina
pule pela janela e saia correndo
perca o sentido e as direções as estações
o trem já vai partir
partir 
repartir
retribuir
querer demais
sonhos ou esperança
só tentar dormir mais cedo
antes da hora
antes de cair da cama
antes de ir

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