todos nós temos nossos próprios abismos
lugares seguros onde podemos
esconder nossos brinquedos defeituosos
nossa cara metade cortada ao meio
o mundo de todos os momentos
giramos tão depressa
em nossos próprios eixos
brilhamos em nossas vestes fluorescentes
dentes brancos e sorrisos para qualquer um
passando do outro lado da rua
movimentando a nós
cansavelmente
procriaremos um paradigma imperfeito
fruto de fezes e medo
na sarjeta no escuro desejo de ficar
um pouco de abraços apertados e adeus
matamos a lua e enterramos seu cadáver
onde nossa moral
achou lugar
não temos nada a perder
e tudo que ainda temos para ver
é um pouco de felicidade momentânea
não compensa os resultados
ainda ficou muito dos restos para depois
seguramos a mão de pastores famintos
que devoram ovelhas e lobos
deixaram um extenso rastro de sujeira
que usamos para lavar nossos rostos
de tantas maravilhas arquitetadas
próprias do ventre de outros
a sociedade nunca foi nosso pertence
deduzimos a verdade que ainda temos pela frente
tentando ganhar tempo suficiente
e escolhemos ainda assim esquecer
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