atenção aos decrépitos espalhados pela rua
soltaram os cães famintos sobre nossas carcaças
o que melhor nos descreve
daqui para frente tudo vai piorar
o medo da vida eterna
e uma bala ricocheteada em nossos dentes
um buraco aberto deixa toda a compaixão
perder de vista e viver às cegas
gota a gota duas vezes ao dia
cercas eletrificadas
me eletrifique
me eletro mate de fome
minha boca está cheia de vontade
teu sono me aprisiona
ficaremos para depois de amanhã
e nunca mais encontraremos o caminho de volta
somos arremessados como uma pedra
expostos pedaços crus de nós
deixados para acalmar os olhos amedrontados
descem pelo ralo
desaparecemos por completo
cabeça e idéias vagas
o vazio acolhe nossos herdeiros
sem sombra de dúvidas
abençoamos o sol
para assim acordar mais uma vez qualquer
nenhuma forma segura de correr
nenhum lugar confortável para nos escondermos
o fogo queima
cheira a carne em brasas
o solstício dos sorrisos não gastos
usamos pouco de nossa felicidade
e servimos de alimento para o mundo
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