o prazo de validade na prateleira de cima
aponta o mofo que se formou em torno de entornos
trejeitos e vontades desfiguradas
de não servir de nada e não ser o lixo
afundar o máximo e segurar o amoníaco
o ar que respiro é veneno intragável
e ainda trago os filtros avermelhados
para saber o sabor de cortejar a incompetência
já deu a hora e todo o corpo e a descrença na existência
no mais longe que guardo meus chapéus de couro
sou de pele pregada em lençóis roubados de casas de repouso
onde descanso meus ossos tão jovens e repletos de cálcio
o conforto que acalenta é o mesmo que lhe arranca a fala
os pulmões suspiram por um pouco mais de esporos
apodrecendo por dentro de tão pouco que demora
e a hora que não passa faz falta no que seria o amanhã
para satisfazer as marcas de cigarro
em alguém para lhe cobrir nos dias frios e banhos quentes
a água que ferve não me serve de beber
sou de frio por fora e gripes homeopáticas
e ainda para quem a mentira em desmentir mentiroso
nos cobertores que me protegem do agouro
do diabo que mora detrás dos pés da cama
sou o endiabrado
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