na calada da noite a voz que sussurra é ruido
a porta que abre e a gota de água enferrujada na pia
quebraram-se os vidros e compotas herméticas
nossos compromissos deliciaram-se de asfalto
o chão é o amigo que não se nega esforçar
deitamos de lado para ludibriar as ancas
lubrificamos todo o peso nas costas de um mundo perdido
de uma vontade vexatória do escondido
os pecados são palavras em algum ponto de vista
alguns pontos cintilantes em microscópio científico
pouco de enxergar e nada que reste de esforço
sou o culpado do pouco que não entendi como esforço
nesse lado de cá do eterno desdenhar do eterno
o efêmero amar o que lhe pouco parece repetir
amei de mais pouco que já nem contas aprendi
resultado de um desamar que meramente confortável
como se só bastassem mais dois comprimidos
para no fim de noite todas as bocas calarem
ao meu ver aceitar um destino irrefutável
nada é demais para quem pouco penhora
chora de lágrimas e soluços ainda que secos
o depois nunca chegará
nem o agora (partindo do imediatismo do agora)
mostra-se trejeitos suficientes para ficar
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