quinta-feira, 30 de outubro de 2014

isqueiros inúteis

fumando o ultimo cigarro do mundo
percebi que corria depressa demais
deixei cair a minha caixinha de surpresas
meus pulmões já se mostram de noite
não guardei lembranças e nenhum remorso
nenhuma forma de me proteger
não acredito em despretensão
a ultima cinza desceu suavemente
como um afago
no rosto que tocarei nunca mais
e nem mais perceberei os espelhos
quanto mais imaginar os mecanismos diversos
de um corpo que sonha em um corpo somente
para que em corpo nenhum reste o abrigo
não deveria sonhar qualquer forma de perigo
por que lá se foram os cuidados
guardados em gavetas trancadas
encarcerados num isqueiro apagado
onde deixei escapar todo o gás

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