sábado, 2 de julho de 2016

eu teu corpo moradia

Fecundo o fruto caído de chão e arquétipos 
De tantos outros trejeitos cinéticos 
A mecânica do tilintar em frascos herméticos
Amarrado do lado de lá das entranhas
Engrenagens que fabricam o alimento
Do corpo se comem apenas os dentes
As unhas de roer e imacular movimentos
Respirar e dizer o que acreditar eu acreditaria
Mas de mentiras dormentes e dedos
Mastigados em glote de vidro e cimento
O que era de não respirar inspiraria
Respirar e soprar e estripar os pedaços
O conforto demasiado do engasgo
de garganta e de boca na boca e corpo
O pigarro que mata a sede e sufoca
Enforca percorre e disseca as aortas
Refestela os alvéolos dos que engolem artérias
Tenho por dentro ainda o seu gosto
De toda a decadente matéria
Tenho por dentro ainda o seu rosto
Que guardo de pele e pecado
Tenho ainda por dentro o seu corpo
E todas as bactérias

batimentos mecânicos

Não saberia que ter medo do relógio
Das lâmpadas apagadas e horas perdidas 
Bocas silenciosas
Naturezas mortas e sombras
Dorme de outra vez agora
Do outro lado da cama
Banalizando o ruidoso sossego
Das vozes que ouço são cegas
De ponteiros e batimentos mecânicos
Nos escombros do escuro que escondo
Coração e músculos outros
Que laboram a inaudível orquestra
Da perseverante ausência de sono