quinta-feira, 27 de outubro de 2011

estagnados

somos eu e você
pouco a tormento
dois cus relentos
dias fáceis estão por vir
tempestade silenciosa
ego do outro
alter ego
egoísmo desvairado
cabreiros ermos herméticos
erros sintéticos passíveis de compreensão
voltamos tarde noite
caso ao afago que dorme e dói
morremos fome e medo
fome de outros diferentes
medo da vida repetida
medo do nada
ao que cegos de raiva
uivamos sóis e luares
atrás passado
preso em qual ficamos
tardamos tempo
e ficamos orgulhosos de merda
ignorância e aparatos eletrônicos a cores
ronda ineficiente
assim ficamos
fincados estagnados
em nada demais restar

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

infância

com meu sorriso hipocondríaco 
me resvalo na penultima relutância
consistência vermiforme
nostalgia apática contagiosa
de podre o vazio agora fede 
sem ter por onde se esconder
nos momentos em que permaneço inerte
diante abençoada ignorância
pranto forçado derrama ódio das entranhas
causando ânsia atrás de ânsia
sempre que a mesmice se repete 
cada passo tremido e relutante
em direção a trágica e agonizante realidade
me lembro mais e mais
da minha tão querida infância 

cobertor de fogo

não posso fugir do desejo
cobrindo com decência
sou atraído para a borda
sempre pude esconder
nunca pensei em segredo
não vou longe demais
Limitado em sofrimentos fúteis
mente atormentada
sensibilidade em prazer
hostilidade exposta
na voracidade do saber
ainda não sei dizer o que sei

o mundo

perdendo menos tempo
com duvidas sobre as cores
pintura vazia quadrados

paradigmas recônditos
logo após o fim
pessoas assustadas aprendem a hesitar
caem aos pedaços nós
para depois fugir

perdi e perdemos
com pouca coisa a dizer
nada na cabeça
vazia ideia de esperança
não mais sorrir
através dos sons roubados
momentos esquecidos
emaranhado de sonhos apagados
eu tentei documentar o mundo

sono

sua cabeça está em chamas
menores abandonados
correm em busca de abrigo
fugindo da voracidade natural
todos estamos em perigo
não há mais o que se ver
suba a colina a oeste
tudo aqui já foi visto antes
apague isso mãos imundas
os seres azuis estão a caminho
rastro que deixamos é visível 
sofremos extensiva desintegração
volta aos primeiros resultados
quero voz e verdade fingida 
em passos miúdos
salvemo-nos outros em horas
foragidos de alma
castigados felizes em dormir
enquanto o tempo passa
dormimos às pressas
sorrimos imensas bobagens
depois voltamos a sonhar

rua

entre falhas verdades
digamos fosse diferenciado
horas que passam surgem
fatos outrora questionáveis
são fixados em paredes mofadas
caqueixamos em momento oportuno
sorrisos estáticos em veredas simétricas
somos problemáticos dilemas
sofrendo falsos alarmes
diferente aos jornais que nos forram
notícias de paz
seguimos um caminho fechado
sombra e cuidados amônia
latejando palavras em tragos
dizer ao que mais nos perturba
preferimos ficar em silêncio
e ainda assim nada muda
seguimos amando apressados
o tempo valiosa promessa
dor que acalma cessa e acorda
justo quando dormimos na rua

domingo, 23 de outubro de 2011

cores

burro de certezas
fraco de forças essas que mantém olhos abertos
peregrinando sóbrio ao acaso
certo de erros esmeros simplórios
avisto longe rosto teu carregado
fraquezas impuras postas a sorrir
filho de ódio esse em mãos abertas
carregamos casa nossa em costas cansadas
feios de imagem
retratos espalhados
espalhafatosas dores outras que fossem
cuspimos nós ao ódio que colhemos cedo
pouco tempo resta a mim e tu
nenhum segundo que seja tão doce
secretas frases de luxúria
o que esquecemos
recordações inebriantes
respaldos em felicidades pouco duradouras
momentos nossos atrás perdidos tempo muito
ficamos pasmos mundando cores
paramos e não mais seremos mesmos

terça-feira, 18 de outubro de 2011

ode ao amor

para que te para mim eu
dizer crer em talvez dizer adeus
dói demais demais no peito
peito cheio de mágoa pigarro
cigarros impregnados de avisos
cansados dos velhos erros
eu te amei mas também cansei
para que te queiras
para mim que quero
para que te esqueças
o mesmo defeito eu

fui e fomos todos embora
cansados de esperar do lado de fora
de dentro que vimos o mundo à fora
tudo de mal acontecer a nós
e quando eu finjo que nada tremo a temer
temos um pouco para dividir
caso contrário eu volto
do lado avesso demoro
o que de mim descobrir tu queres roubar
se não nada tenho
não tenho nada tudo
que você queira precisar
para que te para que amei à toa

fim do mundo

máquinas rugem famintas
feras à solta no meio da rua
luzes cintilantes fluorescentes
basculantes entreabertos
chaminés exalam fumaca

os olhos ardem
ele fugiu para a cidade
sem nada no bolso
rumo ao outro lado
da mesma realidade

procurando abrigo
migalhas mostram o caminho
siga em direção aos corpos castigados
eles não param de andar
perdidos de um lado ao outro

a ferida nao é letal
mas é dolorosa e infectante
perdeu sua protecao impermeável
tentando fugir desse fim de mundo

um passo

um passo atrás
voltando aos velhos problemas
apenas a roupa do corpo
trapo mofo edema
cansados de correr
corremos atônitos
fresta que estende direção
oposto ao que sabemos de nós 
então entenda
eu vou demorar
disse meus dentes
por que não?
honestamente não vejo
nenhuma virgem santa
olhando por mim
olhamos ao redor
talvez mais do que deveríamos
melhor arrumar esta bagunça

mensagens do inferno
chegam com os desgraçados
todos os olhos entreabertos
julgando tudo o que podem
somos meros objetos
volte mais um pouco 
mais uma vez
tentamos de novo e de novo
para controlar ou desistir
chegamos tarde demais
você está presa eu vida falha
como deveria estar estamos
cortes de navalha
ideias vindas do inferno
filhos da puta como nós
acabaram na cadeia
rimos horas a fio
engasgamos sofridos afagos 

nunca fomos tão toleráveis
fomos assim um dia desses
fossemos melhores
sociavelmente toleráveis
odiamos esperar
sempre foi tão fácil
demasiadamente facilitado
Esperar

o cara que ninguém acreditava

recomeçar é admitir o erro
alimente-se antes de sair
se prepare para correr
cínicos de duas caras
Imagens distintas
de tudo que achamos ser
não seja um deles
nós mesmos
eu e outros vocês
siga em frente e não pense
crescemos
assim se foram as amarras

nunca terminou o que fazia
permaneceu em reclusão total
para poucos sobreviveria
descobriria então felicidade
perdeu toda heresia
apareceu procurando liberdade

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

abrigo


certos de falhas inodoras
vagamos serenos outros passos
erros vazios abstratos
soccoro imediato
soma das dores
ódio remédio amargo
vejo ao recanto do abismo
sombras e nada mais
perdidos no tempo
passos curtos
sofremos intermináveis julgamentos
ao que acalma mente
insana consciência morta
natureza nossa opaca
calamidade interminada
exposta ao acaso
e em caso de abrigo desnecessário
escondemos nós em solidão

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Perturbação inconsciente das faculdades mentais

a caveira se encharcou
não se achou nada aqui
transmita a mensagem
a árvore respondeu
eu nao quis ouvir
fotografia fora de foco
caí embaixo da estante
o livro se queimou aos poucos
espantando as frustrações

faz frio por deste lado
estou no mesmo lugar
ficarei até o próximo inverno
por que ninguém passará por aqui
o diabo sorriu para mim
não estou no lado certo
tenho medo de você
me escondo no escuro
é mais seguro assim

fumaça

emaranhado de papel
movimentada mente estática
no meio de monte de nada
resguarda vontade obscena 
nem a brasa escaldante
volta aos poucos em poucos
desce a garganta e arde
em cores do inferno e fogo 
qualquer direção que eu vá
não lembro como sair
ando a muito na contramão
direção errada na cama 
ardente fumaça um dois azuis
fumaça que coça e arde
da ponta da base da queima
entre os dedos gelados
transparentes feixes queimados 
voltando vejo seu rosto
de outra vez voltei de novo
do outro lado de fora
chegamos aqui primeiro
não vamos ficar para trás

globo ocular

eu quis mais sufocar
do que aprender
a mesma ladainha repetida
o globo ocular falou
cale-se,
seu lugar não é aqui.
o que você roubou
em tantos anos passageiros
ficou entre a pequena ranhura
onde avistamos a beirada
do esquecimento
do infortúnio
tarde demais para voltar
não sei enxergar
mas olho para trás
e não vejo nada lá

as lâmpadas

acendendo os poucos filamentos em que guardo todos os meus  segredos, te vi sorrindo sem nada nos dentes, entre os dedos amarelados e então cansei de tossir demais. o cheiro da boca, da erva daninha que some na brasa, estalando sorrisos forçados, antes tarde suficiente em estragos estagnados e pecados, mesmo que depois de sairmos de casa, cansados desse nosso vazio desvairado, amamos outros nós em exagero.  ao abrigo do medo avistamos lâmpadas amarelo alaranjadas, espalhadas em ordem simétrica, guiando rumo ao desencanto, eu tu e castigo.  ainda sonho com as noites tantas em que éramos inocentes crianças afobadas, incitando vontade do desconhecido, cansados de perder de vista, escondíamos nós em pequenos pedaços enfurnados no lixo do outro e riamos a toa de tanto chorar e sofrer. contamos as horas em que esperamos sentados o lado de fora chamando para a gente voltar, mas ainda não voltamos.

sábado, 8 de outubro de 2011

prazer irremediável

a mais profana qualidade que ostentamos
prazer irremediável 
estremecidos pernas 
perdidos em caminhos opostos 
voltados os olhos ao mesmo lugar  
miúdez obscena 
saciamos vontade 
e aos poucos ficaram restos 
por menores que fossem 
sofremos suficientes remorsos

molduras

ao passo que caímos
pedaços de nós caminhos opostos
vejamos entre quadros
molduras erráticas
herméticas sensações de conforto

procriando pasmos palavras
em que momentos uns inferiores
nos aquecemos pouco de mais
visamos concórdia e benefícios
juntando acidentes programados
entramos em conflito
e saímos derrotados

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

calligraphie

la souffrance

punition des fous


le cirque est parti


sourires estatiques


la mort


bénédiction


nostalgie


adieu

o visionário

decrépito visionário
de idônea lascívia
ronca forte peito
encharca-se tu em vapor aquoso
arriscando nós passos dignos dos imbecis
fraquejamos diversas vezes rumo
ao que contrário presumo vejo falho
arrancando mágoas aos cachos
podres emaranhados 
vulgos em sabedoria
esquecemos o caminho
geramos falhas visíveis
sabemos pouco de nada
onde calo boca tua com lamúrias
irráscivel horda de espasmos
arrumada em devaneios esporádicos
onde cume criatividade cessa
vemos ignorância
como salvação desesperada