segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ferrugem

em pés descalços remelas e cuidados exageraram as doses desferindo maldições contra o muro de carnes fracas cuspindo remorso narinas fumegantes e lábios ressecados pregaram em palavras condenadas a ferrugem a insuficiência de canos fumegantes basculantes entreabertos lixo e merda e rancor deliciando do pouco em recortes metálicos recicláveis documentaram o mundo em olhos tortos de vista embaçada denegriram imagens e mijaram pelos cantos nas pilastras e esquinas onde as putas não dormem dentes e boca mastigam os corpos cansados guardando para nós um pedaço do inferno







terça-feira, 24 de janeiro de 2012

quadrados

quantas saudades se vão
de miudezas escusas
e desculpas esfarrapadas
mãos e pedras dadas
braços e perigos iminentes
em choro o soluço se engasga
de manso acalma
e aquele velho cansado
criança de peito e olhos
medrosos e destemidos
perdido em seus passos
tortuosos
libertinos
eu e corpo desistimos em pequeno
cada quadrado em depois de outro
e vimos diversos luares e sóis
deciframos olhares
gritamos poesias hereges
sem muito tempo em bolsos
ou truques nas mangas
em gavetas ou segredos mentirosos
sorrimos apressados
ao mundo nosso
cantado em cores poucas
preto branco e sofrimento




domingo, 22 de janeiro de 2012

segunda imagem

se tudo simples aparecesse em olhos nossos como de valia, acreditaríamos em realidade outra, qual felicidade em alcançe de mãos, antecedendo a desejo qualquer ou sonho, estaria em momento agora, outro lugar. certeza em cabeça fraca de idéias que vão embora calmamente, perdidamente encontro-me inalterado. em reflexo e espelho, sou eu. e nem mais se fosse diferente, mundo me pareceria perfeitamente igual. repleto de defeitos. imagem e semelhança.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

janela

olho 
pela janela
eu 
sendo feliz
lá fora


frascos herméticos

deixo tudo para trás
vez em quando
saio por ai
sem canção nos lábios
sem moedas no bolso
mãos vazias
e se agora
a tonalidade que acalma
tranquilamente se afasta de mim
e de nós outros
nós mesmos
se em meio a tanto
eu acho pouco que sirva
ou que valha a pena testar
funcionamos bem
nas primeiras horas
depois deixamos a desejar
desajustes necessários
de cada vez cadaveres
guardando o melhor em frascos
herméticamente lacrados
não saímos do lugar
ainda caminhamos pouco
a luz distante
não indica coisa alguma
não existe uma saída
nossa direção é contrária
casa fica do outro lado
vamos nos arriscar
em cama de artifícios
segredos dormem em paz
esperando o medo passar
que cai do céu
molha e afoga
e se respiro dificil
é que tu me roubas
todo o ar




domingo, 15 de janeiro de 2012

atemporal

tempo todo nosso
tempo que passa curto
corre feito louco
cão faminto que ladra e morde
sossegamos em desoportuno
castigados a ressentimentos
lembrando do futuro
em recordes de passado
nesse nosso tempo tanto
perdemos vista do mundo
cansamos de arriscar entender
por que tanto perdemos tempo

sábado, 14 de janeiro de 2012

bromélias

onde foram parar as bromélias da patagônia
lá não tem bromélia
onde foi parar a patagônia?
escondida nos cantos
lá bem longe das cercas eletrificadas
morrendo em technicolor
vivemos dias melhores
flora que floresce renasce
viveremos para sempre?
o sol não nos toca como antes
pervertido e adorável
esperar um pouco que basta
ou ficaremos para morrer de fome?
para onde se foram
as bromélias da patagônia?



filho de rua

perco em meio a palavras tantas
horas perdidas de sono
onde se foram as alegrias?
escondemos em cobertas e receios
nossa verdade vagabunda
de carne amarga e impura
esquecemos nos diferentes
em olhos aflitos
cansaços desnecessários
desejamos o mundo
e imploramos por mais
deliciando-se em pecado
em movimentos controlados
descontrolamos
vergonha de outros nos conforta
casa nossa é noite e rua

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

cantoria

diversas substâncias
liquidos solventes
aquele momento em que
em sombras e dúvidas
cobertas de vergonha e pudor
escrito em muros e portões metálicos
aos sinais de nossos dedos amarelados
vimos o mundo chorar por nós
enquanto sonhávamos
quase acordados
sorrindo lástimas e cuidados
pecamos de maneira simplória
condenados ao esquecimento
desdenhamos do fracasso
dos nossos cigarros
tossimos e cantamos
em plenos pulmões castigados
tudo o que queriamos cantar

domingo, 8 de janeiro de 2012

cala-te boca

expresso-me em redundâncias
falo demais
boca fechada não entra moscas
faço de conta uma verdade
acredito em pouco tempo resta
cada pedaço de vontade
que dá e passa
passou tempo atrás
que de muito
cansou e foi embora
carrega o que não resta
na boca do orgulho
do fumo do desejo
que mata e engorda
e larga de mão
em agradecimentos não suficientes
e troca de favores
cala eu essa boca que não fala
não sabe o que dizer
e diz de pouco caso que faz
muito ainda a questionar

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Agorafobia

minha fobia agora arde garganta 
esconde-se em restrições furtivas
desconhecendo cada passo do lado de fora
volto a mim sem sorriso que seja
dentes ou qualquer artificio
que me faça lembrar do que pode ou não
ser considerado uma forma estável
de felicidade

olhos cansados

em quando local que seja
vejo tu em olhos cansados
tarda-se noite em silêncio e vazio
grito a tu
teu nome
palavras quais puder ouvir

dentes afiados

o rato que rói
cansa
passa a vida a roer
em buracos escuros
silêncio
fuga
fuga

feio de aparências
certo
que medo
causa
assusta
delicado
a roer
resvalando
onde
fica
quieto
pianinho
escondido
em imundices
tantas
velhacarias
aqui
e ali
mais uma roedura
que ódio cultiva
a fome
que bate
em peito de rato
e rói rói rói

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

rabiscos

espero em pernas cansadas
diversificando formas outras
e solidão que acalenta
acalma em pequenas restrições
deixando de lado vontade que passa
volta em retalhos e retratos
desconhecidos rostos
sorrisos apáticos
mostram-me os dentes
calo-me em boca de outros
expressando sensações de vazio
e ao passo que miúdo de fato
atrofio em razões e descuidos
no pouco que resta desisto
vez que fosse eu procuro
e ainda em local impróprio
crio e te escrevo em rabiscos