segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

água régia

teu cloro em formato de corpo que forma
cores e chora o amargo que entorna da água régia
tanto em não beber e matar a sede de ontem
correr no mesmo lugar dos passos impacientes
o passar do tempo ainda contado em relógio
paredes e teto sabem de todas as danças
e da melancolia da cama
vazia
do lençol ser vitima de tantos passados
que nem foram ainda por o trem
a estagnação mesmo o quanto infinita
na medida bulímica para imediatos
ser o ato e ter tudo o que puder carregar
era só o perfume que ficara
em mãos escarnificadas de tanto lavar

ponto continuativo

cortei fora minhas asas quando aprendi a voar
o caminho de volta para casa já é outro
cansei de respirar o ferro em meus pulmões
tenho horas ainda para permanecer acordado
e lembrar de um mundo que não é meu
o que o dia me trás mesmo eu que possa roubar
roubo de mim e deixo do lado de fora da porta
na calçada debaixo do tapete onde não tenho convite para entrar
é por ali a sorte mais duvidosa tirada em mãos trepidantes
de medo do agora e de morrer do que for para verdades de outros
fazer de conta que a estória sempre acaba
e encanta os tantos infinitos finais felizes
no melhor deles que espero o fim
para que enfim de mim
um ponto por