quarta-feira, 30 de novembro de 2011

espinhos

louco de pedra
pau e espinhos
pouco incerto
errante sossego
calma que bate
acalma brando
fogo ardente
outras vontades
diversas vezes
mentiras sinceras
trocando em miúdos
o que foi embora
ficou em pedaços
minha certeza na tua
sozinha a chorar

domingo, 27 de novembro de 2011

choro

o choro 
que chora
ri de nós
o canto
que encanta
assuta
e voz e berro
canta quanto for
cantamos dor
assobiamos
ressabios
ressentidos
repetidos
sorrisos
chora tu
ri de mim
ri de nós
chora eu
eu mais tu
em nós dois
um número
de choro
sem fim 



remorso

ressabiados como outras vezes antes, carecemo-nos de vontade própria, e prostramos a esperar, cobertos de sordidez e paciência, tudo quanto fosse, mesmo que por pouco tempo, confortável e caloroso. peito aberto  em feridas negras, entalhadas em moscas e vestes imundas, arrancamos coração com punhos de ferro, jogamos lixo, tudo o que poderia ser descrito como amor. por que amor que se valha, não deixa morrer outro de fome, com tripas magras, despostas em meio a poeira e sombras. sentado em cu cansado de sentar, esperar e chover, molhando e afogando mágoas, estritamente reservadas em garrafas de aguardente de inferior qualidade. 
o sol não acorda mais e a tu, que não mais que ninguém diferente, ou especial ou coisa assim, deixou de passar a tanto tempo, imploro eu mais um bocado de cuidado e abraços e dentes. já não carrego comigo os meus. vejo com olhos outros, dias e noites passando, cansando e fedendo a merda, e além de tudo quando fosse real ou melhor, ou mesmo carregado de anestésicos ilícitos, aqueles cuja função serve apenas para facilitar momentos breves, esperei em pele, esperei em carne e osso, esperei. então como se nada fosse facilitadamente disposto de modo organizado, pronto a nos trazer respostas quantas fossem, não avistei a tu outra vez. não vi mais nada.







sexta-feira, 25 de novembro de 2011

pressa

reveis conceitos
amores castrados
sentimentalismo barato
somos pouco demais
para dois egoístas como eu e tu
choramos misérias
em barrigas erradas
fomos mais longe
de vez em quando
passos curtos
amarras de poliéster
trazem segurança nós
cair é demais arriscado
o que dizer por agora
janelas trancadas
perfume de cigarros
onde nos esquentamos
colchões manchados
onde tempo todo passado
estamos a encontrar abrigo
caso contrário qualquer afago
se torna outro castigo
sujos de corpo do outro
ruminamos palavras de ódio
saímos cedo e pressa
sumir sem deixar vestígio





quinta-feira, 24 de novembro de 2011

sociedade quatro

capengamos vezes todas
em que erramos caminho
frágeis pernas errantes
desviando-se de gente podre
roupas velhas e sujeira
cobertores manchados
caímos cara em merda ressecada
choramos óleo disel
impermeável cidade
sociedade privada
estagnada
poça de lama agouro
sofrido amargor
corremos caminho contrário
chegaremos quem sabe
amanhã

sociedade três

perdidos em caminhos errantes
clamamos por um deus plastificado
espasmos involuntários
guiam displicentes respostas
buscando em retórica ignorância
toda a verdade maculada

sociedade dois

libidinosos ratos
secreta repressão
castramos nós
cheiro do esgoto
quente arde e coça
fumaça e basculantes
herméticos abrigos
antipatia sociopatia
patologia coletiva
afobados corpos cansados
castigos sofridos
sem direção qualquer que siga

sociedade um

hipócritas organizações desgovernadas
propostas respostas certezas
incertezas expostas polêmicas
direitos ridiculos redundantes
força desnecessária ilusória
adeus sociedade


terça-feira, 22 de novembro de 2011

paradigmas

dolosamente
calorosamente
medo de verdade
fraco em tosses repentinas
feio de aparências
triste dúvida sorrateira
acalma chora e ri
reorganiza vontade frágil
espelho de excremento e mágoa
palavras chulas
resultados amargos
em garganta que arde
cal e cigarros
guimbas devidamente descartadas
olhamos pasmos
futuro incerto
origem obscura 
de contentamentos fúteis
passamos nada de valia
meros paradigmas
emaranhados abandonos de erros
e passamos esquecidos
com cabeça de merda e nuvens
sonhamos alto e ressaca
ainda não sonhamos mais




terça-feira, 8 de novembro de 2011

escombros

dono dos olhos incansáveis 
juiz de conceitos apáticos
procuro respostas irrisórias
quão sujo tornei eu
aposta em emoções
abusando carne e pensamento
tortuosamente invisível
ainda estou não sei dizer
me sentindo de repente 
confortável
 o bastante

não podemos sussurrar
desistir é mais fácil remédio
não é nada assim tanto
gravidade ja passou
iremos não mais cair
segredos profanos
maldições em lábios sofridos
carregados de incerteza
na leveza da mão que engana rosto
pecados recicláveis
esquecidos escombros 
meio a tantos estragosnão me sinto muito bem
mas me sinto confortável


abandono

arriscando calafrios
sentimentos ponderados
quanto bastassemos ser
o pouco que somos
não significa nada demais


inflamações constantes
incansavelmente insatisfeitos
ferida que corrói
seguramos mãos erradas
carregadas de poeira e asco


desdenhamos colo e guloseimas
calados em tormentosos gritos
andamos lado a lado
simétricamente lentos
tantas mediocridades rimos
parados em segurança


ao lar que abrigamos nós
fugimos casa em direção oposta
a tudo que jamais duvidamos
diversificamos mente em corpos outros
inda assim prostramos em abandono 





segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ratos

tarda-se noite
em epílogo do fracasso
cidade esconde-se em murmúrios
relatam lâmpadas 
e canos fumegantes
nós amamos esse medo
tememos o escuro
atiro contra seu rosto
não terei chance no inferno
rasteje-me em sujeira
ratos sorrateiros
carentes de remorso
amor é objeto estranho para mim
arriscado demais
enquanto apodreces
escondo eu pesares amargos
vontades inapropriadas
olhos abertos
temos muito tempo
até o amanhecer




domingo, 6 de novembro de 2011

egoísmo

evolucionismo precário
rateios desordenados
olhares diferentes direções
contrarios ao esforço
demos cara a tapa e beijo
sangramos entre lágrimas e suor
soluços carentes de sossego
desgraçados egocêntricos
arrancam cada pedaço
sugando tudo que podem
portadores da verdade
grande verdade que carregam
cheia de merda e egoísmo barato
nos deixam palavra nenhuma que resta
somos nós dois
somos resto



salvação

calmamente pasmos
errôneas sensações de vazio
fracos respiros controlados
nossa verdade dormente
que sossega afoitos desencontros
retruca em secretos murmúrios
tudo aquilo já dia esquecemos
e lembrança que seja
maior dor não há

lentamente abrigamos saudade
pecamos em momento oportuno
escondemos rostos em cantos escuros
em luz que seja pouca
amontoado de sujeira
parados a espera de salvação


deixamos de lado
forças que nos fizessem de pé
orgulhosos do fracasso
sorrimos contentações mediocres
ficamos mais um pouco
amanhã voltaremos a tentar



sábado, 5 de novembro de 2011

castigos

programação
repetidas vezes vozes
carregamos imundices
deselegantes derrotas sofridas
esmos singelos problemas
conturbo disturbo masturbo
pondero pormenores segredos 
meu e nosso momento hermético
calorosos castigos
aqueles que causam delícia
sobre mim cai tu lentamente choro
carne cansada de variações térmicas
leito peito quieto barulho sossego
silêncio e calamos boca suja
palavras chulas amor
perfeitamente dor
delicadamente ódio




sexta-feira, 4 de novembro de 2011

dia

café
fumaça
sol se esconde 
põe-se quieto
silencioso
cinco e meia
o dia tarda
acorda depois da hora
cansado arrastado
em cobertores e preguiça
eu só quero
dormir mais um pouco



mau agouro

mau agouro
fraco sentimento
tossimos sangue
uns em outros
cansados de corpo
hipócritas sorrateiros
eu mais tu
sofremos tarde
andamos pé em chão
cada passo frente outro
vagarosamente
sem barulho que se ouvisse
som de cabeça morta
enorme construção de carne e osso
templo de poeira 
nociva sensação de conforto
queremos paz
mudança das coisas que sucedem
pensamentos quais forem
raciocínios lógicamente tolos
sabedoria utópica
vazios de peito
alma que seja e foi
filhos de nada e rua
somos se quer e que seja
dois qualqueres 
perfeitos estorvos






pigarro

rosto em pedaços
veia que salta
imbecis que só
pigarro
queima cheiro fumaça
merda enlatada
congruentes imperfeitos
amores pulverizados
sou eu e ninguém
choro carregado
mentira
foda-se qualquer tentativa de verdade
quem me diz isso sou eu
alguém sem nada a dizer
quem não quero ser
e vejo...
janelas trancadas
dentro fora porta que rumo tomei
cheguei primeiro
depois o deposto
sopostamente primeiro
depositei confianças falhas
em cigarro e poeira
prefiro a noite
tremo pernas do escuro
cansados olhos
cansamos eu
cansados
cansei








quinta-feira, 3 de novembro de 2011

sombras

monótonos assombros luz quebradiça vejo futuro questionável em vestes farrapos sofridos demônios esperam ansiosos corremos castigo cansados de corpo olhares pasmos observamos estragos em retóricas amargas depreciamos amores abandonados desejos andam em sombras estáticas sonhar com o que basta que indolência acalma resta não mais nada