quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

poema para alguém sem nome

a presente verdade era mais um pouco destemida
venderíamos nossos corpos e aparatos religiosos
os sonhos que ficaram do lado de fora
no outro canto direito do muro
a sociedade contemporânea nos ensinaria tudo
as horas vagas e os pombos
a quem cultivamos incansavelmente
nossa cólera e a vontade de ir embora
vomitadas garganta à fora
escorre pela calçada e nos derrama o esgoto
no colo no choro e calor dos trópicos
ainda assim nos restaria a praia
o sossego e os andaimes enfileirados
adereços e máscaras e aquela bobagem toda
tudo para ser um pouco realista
um pouco de tudo querer
e querer nada demais
apenas as luzes cintilantes e holofotes
serviria apenas de encosto
para não nos sentirmos em paz

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

o que não aprender com o tempo

todas as idéias se foram
algumas teorias sobre o fim do mundo
nada concreto ou revolucionário
como era o de costume
fugimos à regra do que se sabe sobre moda

alguns cigarros a mais
e escapamos ilesos
com pulmões rosados
horas perdidas na madrugada
suspeitaria a sombra
medrosa e escondida
atrás dos manto sagrado da vaidade

a vadiagem em que os nossos calçados vagam
acordar é resultado de experiências infundadas
afundadas em doses e mais doses destiladas
desdenhadas em tantos copos quebrados
pela falta de ossos em nossos pecados