terça-feira, 16 de abril de 2013

aparatos eletrônicos desnecessários

esperamos as conclusões finais
achando que um tipo de remédio
ou luz fluorescente irá aparecer do nada
analgésicos e anti-inflamatórios

estivemos tão atarefados
salvando todo o mundo

despencando
aos milhares de pedaços
migalhas

diagnosticamos o raciocínio lógico
escondido nos olhos e ouvidos
no som das portas
da ruas
bueiros, buracos
reentrâncias
entreabertas
pernas e dedos

compramos vergonha na cara
um pouco de medo
construímos pontes e capas impermeáveis
em plena era digital
a realidade das marcas na pele
o desejo de atravessar a cerca eletrificada
muitos encontraram a morte
nos cadeados e fechaduras
onde os ratos anseiam por algumas horas a mais
rondam
roem até os ossos
as rachaduras e tornozelos
os ossos
roem

as sirenes anunciam a chegada de socorro

as velhas soluções homeopáticas
herméticas e destiladas
em arsênico e álcool hidratado
descem suavemente a garganta
arranhando vozes e voracidades
derretendo tudo pelo caminho
em ode ao sentido anestesiado
o medo reflexo ato contrário
não sentimos a ponta dos dedos
morreríamos de frio e sono
não temos cama para deitar as cabeças cansadas
olhos e bocas laringe e falta de ar
aflitos
menor sinal de socorro
gritamos por sirenes e escadas rolantes

o sangue que resta nos curativos
a ferida infeccionada
gozam e reproduzem bactérias

dezesseis horas de nada o que fazer
esperamos a morte
em nossas cadeiras ornadas
couro e flores sintéticas
o amanhã cobra seu preço
relativamente caro
na maioria dos casos