terça-feira, 24 de julho de 2012

em troca de cartazes luminosos


o que servia tão desigual irresponsável desnaturado
afetado a mente que rouba sensações e cansa
descansa em buracos e penetrações e guimbas de cigarro
repulsa e vontade de vomitar e no fim que se chega
concluo despretensiosamente a mesma coisa repete
sempre repete como que nada acontece de forma diferente
redundante e sem anseios e outros desejos ou sonhos
inalterados inacabados acabo como sempre ei de terminar
ei de que eu que não sei de muita coisa sei de tudo
e com o tempo caduco e repito e recosto em paredes
ornadas com o mofo que cresce e se espalha e gruda na roupa
o acaso desmente todas as minhas verdades
já muito servem para pouco ou esterco
mas não tenho jardins ou hortaliças nem terra
nem espaço para morrer ou sonhar que se resta
preza e paga o preço por ser demais contrário
que nada passa de uma ilusão como qualquer de fato
e de repente canso ou cansaria de tudo e quereria nada
iria querer um pouco de olhos e mãos e bocejos
querer tudo em mesma cama
mas sempre hei de estar em camas erradas

quinta-feira, 19 de julho de 2012

contradição epistemológica do desconhecido


em fração de segundos ou tempo desnecessário
a verdade que acaba de existir 
não existe nada demais
qualquer palavra que se repete
a cuidadosa vontade de errar
continuando em caminho contrário
castidade entrelaçada em braços e apertos de mão
moralmente duvidosos
acaso que faz o destino vomitar
em sacos de papel reciclado
sem destino ou onde morar morrer sorrir e deitar para sempre
caso contrário contrario todos os âmbitos descompassados
colorindo o sorriso com tinta lavável
em boca fechada
prisão perpétua castigo
a loucura de aprisionado em um futuro impossível
se existe o destino
o filho da puta é cínico e sociopata 
caricato retrato abstrato 
do que não poderemos existir
ser ou viver em outros olhos e retratos
escondemo-nos do acaso
debaixo dos nossos perigosos afagos
o veneno deixamos escorrer

quarta-feira, 18 de julho de 2012

rediscutindo os palavreados anamórficos do amor inexplicável


verossimilhança descarada em partes diferenciadas
cada momento da calada boca fechada
calada da noite e frio que venta o rosto delicadamente
espontaneidade que não nos falta ao acaso
da verdade da boca pra fora de boca a boca
rezamos em silêncio e condenados outros corpos
fingimos estar tudo em lugares exatos fingimos 
e não somos atores


prateleiras e seus inimagináveis adornos ordenados
lado a lado com a dualidade de ser ou nem existir
diferente de novo de nada acontece ou serve ou presta
estragados em arcaicos recalques sócio-econômicos
venda nos olhos de quem vê e finge saber demais
e fingimos cada dia que passa noite que passa horas
nada que vá acontecer nem promessas e nada


água para saciar a sede
e a fome do desconhecido
apavora e grita choros ininterruptos que assolam
o menor sinal de descuido e ruídos e pouca luz
saciar o impossível impensável que não arrisca demais
tentar outro sorriso plastificado
nosso velho sorriso fracassado


e nada servirá de remédio
que nos faça parar de rir

terça-feira, 17 de julho de 2012

póstuma melancolia confortável


a serpente rasteja em silêncio
sugando as canções de ninar
dentro de sua doentia cabeça de cobra
escamas e epiderme 
claustrofobia
caixotes e poeira
um penoso respirar
arde como tocha de querosene

as crianças queimaram os dedos
entraram sem bater
desprezaram o sinal de fumaça
sinos de vento e aparatos religiosos
condenaram um deus de carne e osso
ventre e barro ressecado

acomodaram cansaço em velhas poltronas
forradas em couro vermelho
castigo e medo de algo que ficou para trás
ninguém conhece ou finge não lembrar
que seria do agora sem as lembranças?

conhecemos o homem que vende segredos
recostado em pilhas de cal
com seu sorriso sujo e enferrujado
os dentes amarelados não esqueceram
tanta cafeína indo por água abaixo
estimulantes e horas perdidas

cubrimos os corpos com moedas de ouro
e vendemos nossa alma ao primeiro que passou
com um mapa em mãos jornais e recortes
felicidade duradoura não se encontra
em sacos plásticos ou palavras confortáveis

com a macieira conversamos
sobre histórias do fim do mundo
oferecemos explicações
lentamente pacientemente através do ar
pouco de ar e da falta de respirar
respiramos por tubos e frascos
fracos de caráter e determinação
dormimos no mesmo lugar
dormimos

segunda-feira, 16 de julho de 2012

doses homeopáticas de sabedoria quântica


finquei raizes em solos inférteis
destreza e margens de erro
rios e ruas de sangue
sal escorrendo no rosto
lingua afiada buscando conforto
em mentiras e segredos


o diabo morreu de fome
e pintaram quadros com o seu nome


de braços abertos
descansamos por acaso
na beira da cama
secretamos as velhas vontades
mas continuamos em silêncio


montanhas sobrepostas no caminho
o buraco marca o fim da linha
carretéis e emaranhados
a revolta assola as ruas sinuosas
na mesma cidade imunda
onde os sonhos se perdem do lado de fora


um pouco de empatia
me faria tão mal


nos olhares das mulheres
o fogo ardia ainda pouco
azulada melancolia
as saias e artifícios
cobiçando o mesmo de sempre
corpos replicados
falta de identidade
e de onde as veias saltam
os olhos nada tem a oferecer

domingo, 8 de julho de 2012

senso de ridículo


não faz tanto frio
para tremermos assim
temos medo da verdade
mas não cansamos de fingir
deixei as lembranças
deixamos
onde encontrei teus fragmentos
mãos
levantei e morri de inveja
o sorriso se foi tão cedo
o sol tentou seguir sozinho
luzes e holofotes
lâmpadas incandescentes
retrocessos
processos
braços pernas e direções opostas
perdendo o senso comum
destravamos portas e caminhos
Senso de ridículo e alarde
Afogando as mágoas
em lágrimas irrisórias
arriscamos o desespero
pouco a pouco pouco pouco
esperando lareiras e respostas
cansados de sentar

quarta-feira, 4 de julho de 2012

significado contrário

abrigamos aos jornais inúteis
as notícias de alguma felicidade remota
controle e despretensão
falta de proteínas hidrossolúveis
boca a boca respirando
o pouco que resta do ar
cilindros de oxigênio líquido
natureza natimorta morta
porta retratos trancafiados
em frágeis tubos de ensaio
duzentas e cinquenta e seis cores
em sintonia monocromática
onde a primavera se encaixa
engraxamos nossos sapatos
prepotentes e intelectuais
livros e cigarros caros
vaidade em espelhos sobre a mesa
a verdade sangra
mas nossos olhos ainda ostentam
a mesma falta de lágrimas

camas separadas


um cigarro queimando dedos
de manhã a manha da sociedade
escorrega garganta abaixo
o sol que não se queima queima
queima devagar e vaga sozinho
por um céu triste e inacabado
fim de longe avisto a olhos vendados
toda a letargia dos nossos taninos


para como nós os paradigmas
depressa a vontade de andar
em tortas linhas em desemboco
remexendo o fundo do poço
e a água é clara demais


taciturnas camas separadas
resguardam a agridoce verdade
os muros são altos demais
e não respiramos direito
muita fumaça e sonhos herméticos
e outras formas de esperança
guardadas para depois

domingo, 1 de julho de 2012

pluma de pombo


repensando erros
conjecturo certezas
cada vez silenciosas gritam
pensa pensa pensa
cérebro em greve
ordenadamente caótico
católico pragmático
não praticante
divino espirito sangra
repete mente mentira
repetidamente vozes
canteiro de obras
estética e interiores
detalhes em plumas de pombo
pombo que voa
e não larga o osso
filamentos e terminações
estações ambulantes
perambulantes
reconfortantes pensamentos
que pensam em dizer
o que tanto não dizem pensar

dados acabados



Sofri demais,
Falei mais do que queria dizer e disse adeus
Então a você, sofri muito mais.
E amei como nunca tinha amado e depois
Correr sem parar caminho do nada vou
vazio aqui onde você deixou, fiquei
fui embora de longe de você.
(te amei por pouco) talvez demais
amei a morte que você escondeu
amor, a morte é trágica demais para nós dois
se só pudermos nos ver assim, destino
ter de conta que faz o mesmo efeito
esclerosado anestésico paralisante
que tanto gostamos de sentir
eu quis querer você, tendo você perto de mim
perto demais te amei jamais amei por perto
desse jeito te esquecerei devagar
vou te amar mais um pouco mais (talvez não)
caso que não eu não sei mais
o que fazer sem você aqui, não farei
Meu amor me tire desse tipo abstrato
Estranho formato de solidão