segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

intragável conforto

devoro o pouco que resta do desespero
e respirar a sua carne embebida em suor
o medo do caçador é o maior dos pecados
estalar os dedos e ter o mundo nas mãos
temos o infinito de memórias em pedaços
colados religiosamente na parede
e todos os enfeites que nos fizeram andar
a rua é casa de roupa nenhuma e alguns trocados
somos de um jeito ou de outro os devaneios errados
não cabemos nos mesmos frascos de pendurar
fumamos pouco e o oxigênio que em casa casa
tornamos a droga o esquecer é a morte
o melhor momento em que poderíamos sonhar
se soubessemos fechar os olhos para que nada aconteça
mas a noite mostra seus amarelados dentes
para que devoremo-nos em carne viva e feridas
somos abertos a todos os caminhos escuros
mas as pernas que não fazem sufocar o esforço
andam de pouco em pouco para debaixo da cama
e o mesmo lugar de sempre era o mais confortável

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