terça-feira, 27 de novembro de 2012

inflatable god


the instruction manual on the shelf
discount the unnecessary parts
and how much imagination wasted
lack of charisma and weak of character
the radioactive energy transformed into dust
in the lead up to the eternal salvation
among unfinished dreams and rubble piles
it was safe and not so cold
the world shattered into pieces
i wonder how i got here
never through the long way
it is much longer
and we are too tired to walk
but there are shortcuts
and some tips on how to get further
but they do not explain a lot
so the best thing to do
sit back and wait for the sky to fall on our heads
and all our prayers on an inflatable God
with rubber fingers
and bad ways
to sit down at the table
it all crashes to the ground
the floor is the limit
and there we will sleep and love all the rest
because not much would be left after all

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

dois lados duas moedas


pode não ser verdade mas tudo bem
não tenho nada a perder a não ser o rancor
os moldes e exemplos mal formados 
teria a deixar para trás
armas de fogo e próteses dentárias
sorrir custaria muito caro
muito rosto e delineadores
e ainda assim não mudaria de ideia
nem em chance esperar o apocalipse
consideraria de fato interessante
do que fosse possível
era cansar demais as palavras
e nada disso traria conforto
soubesse para que lado correr
correria para o lado oposto

os filhos da tecnologia


eu não escuto a minha voz
ela se foi com a porra das horas
passam rápido e deixam vestígios
os sorrisos servem apenas para mostrar os dentes
quem pode ornar a boca de palavras e merda
dentes servem para mastigar
ranger e chorar e implorar por algum tipo de perdão
nenhum motivo agravante
que acabe por si só
sozinho e lamentando as perdas e cáries
veremos talvez um muro cinza e umas pessoas babacas
estão em todos os lugares
decorativos e adestrados
não queria livros na estante ou videogames
nem bocas e cáries e aneurismas
simpatizante do acaso inacabado
simetricamente desestimulados
ainda não inventaram a energia necessária
rir e foder a paciência de todos
lamber os dedos e a tampa metálica
vesti o prazer em poucas palavras
escondendo vergonhas e fracassos
tudo isso em troco de nada
algumas balas de menta balas
derretidas no bolso do pouco e ali e aqui
era ali o canto silêncio e o fato consumado
consome e queima como acreditasse no inferno
e no inferno dormir eternamente
com toda a preguiça que resta
toda a incerteza que basta

o penoso labor da fabricação de mel artesanal


a falta do que fazer não poderia ser tão ruim assim
era o ar que respirava e as partículas impuras
a saudade do que jamais houve de acontecer
haja o que fosse era tudo da mesma moeda
nem uns trocados a mais nem um pouco no bolso esquerdo
do outro lado os cigarros e um velho isqueiro azul
cor do céu que nunca tinha visto tão de perto
chegar lá cansaria demais 
era trabalho e isso não é fácil
e a cada hora a sombra que mudava de lugar chegava longe
quanta pretensão e costas e ombros largos
carregava todos os fardos da sua humanidade
um pouco mais de tempo e a eletricidade faz o seu papel

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

erro de digitação


todos os artifícios que fazem esquecer
já não faço contas e não conto histórias
me restaram as mentiras e alguns sonhos
tudo sem importância 
ou relativizando o conceito de importância
nem existem ou fazem parte de alguma coisa
pode soar vago ou sem o menor sentido
abre aspas coisa fecha aspas 
palavra essa que serve para tudo
mas no fim das contas
não quer dizer nada
como se eu dissesse
que naquele canto escuro
atrás das teias de aranha e manchas de mofo
escondo minha ignorância
não repare na bagunça ou no estojo de maquiagem
com o tempo nos acostumamos as piores posições
e de se acostumar ou ter medo da morte
exemplo de oração subordinada
oramos a um nada barra falta de luz barra 
onde os satélites não alcançam
criticamos os que olham e vêem o espaço vazio
e repudiamos tudo aquilo que ainda é desconhecido
e até se fossem telescópios que enxergassem
aquele canto escuro
não nos mostraríamos por completo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

colar de ossos


nos tornamos máquinas pintadas de preto
em um dia ensolarado qualquer
todos os dias não passam de um vazio eterno
um fundo de verdade em cada sorriso amargo
outras formas de vida que não respiramos
os fracos não tem vez por essas bandas
seguiram o curso da história e fizeram a sua parte
ofertando suas cabeças aos deuses

choro que deixa o rosto coberto de fuligem
deixa para lá esquecido em meio a tanta gente
passos apressados em direção a enorme mandíbula
somos todos devorados por dentes metálicos de lobo
nossas peles perderam a proteção
e não passamos de cordeiros morrendo de fome
a espera de mais uma migalha de pão

faz de conta e conta a distância que é preciso percorrer
até encontrar a superestimada felicidade
ninguém precisaria de tudo isso
um afago ou alguns dedos a mais ou minutos
tantos cadeados em portas e janelas
o caminho mais seguro fica para o outro lado
e ainda assim precisamos envelhecer cada vez mais

queremos ternos caros e viagens sem sentido
tanto fazemos isso parados em qualquer lugar
pelo menos um cigarro
para trazer de volta a velha autoestima
de que adiantaria o pigarro
sem que nos sufocasse 
com seus dedos entrelaçados na garganta

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

cabeça abandonada


o tempo passara desesperadamente
foram as cinco da manhã e fazia um frio do caralho
do que estariam preocupados os grandes pensadores?
nada na televisão ou outra coisa qualquer
faziam de contas os cálculos diferenciais integrados
e nada daquilo lhes servia para porra nenhuma
freud estava lá
era um merda em matemática
não precisava pensar
apenas dizer um amontoado de bobagens
nietzsche e seu velho hábito com as putas
bom de palavras e igualmente preguiçoso

os relógios digitais ainda são os mesmos
arthur rimbaud inventaria novos relógios e os penduraria no pescoço
cantava uma bossa nova pelo canto da boca
puta merda onde enfiaram a minha bebida?
alguém tocou a campainha
isaac newton
não aceitamos estranhos aqui
quais livros você já leu?
gosto de fazer contas e algumas paradas de física
esse não é o seu lugar
fecha a porta
ta um frio do caralho

mas para que essa mania de bukowski
escrevendo um monte de palavrão
coisa ridícula
falemos baixo
e em outro tom
língua dos diabos
três vozes da mesma garganta
falar baixo para que?
os intelectuais ali no canto
eles acham que são os únicos aqui

e essa merda não é nem um poema
mas tem cara de poema
pula linha
outra
essa babaquice toda
vai ler um pouco de fernando pessoa
vai

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

resina sintética


as vozes calaram para sempre
eu posso ver tudo daqui de cima
apenas uns lapsos nervosos
correntes elétricas passam com pressa
terminações e ligações diretas
as lâmpadas acesas e horas inacabadas
e a vergonha de sentar e sorrir

vi com meus próprios olhos
emprestados de uma cabeça enorme
entalhada em barro e madeira
um bocado disso e daquilo
em câmera lenta e desfoque

eu não ficaria aqui nem mais um segundo
estava tranquilo e o silêncio era uma merda
o caminho cheio de pedras 
mas o chinelo aguenta
borracha e resina sintética
tudo foi criado antes desse lugar

eu não poderia me ajudar
algumas pessoas são facilmente enganadas
estagnadas e ficam lá
horizontalmente reclamando da cortina
ela não esconde a janela inteira
e o sol sempre acha um buraco
e é um pouco agradável
não muito nem o suficiente
mas nunca trocam a maldita cortina

poderia ser pior mas que se foda
andar e se perder não é tão ruim assim
para isso existem as bussolas e mapas digitais