quarta-feira, 7 de novembro de 2012

resina sintética


as vozes calaram para sempre
eu posso ver tudo daqui de cima
apenas uns lapsos nervosos
correntes elétricas passam com pressa
terminações e ligações diretas
as lâmpadas acesas e horas inacabadas
e a vergonha de sentar e sorrir

vi com meus próprios olhos
emprestados de uma cabeça enorme
entalhada em barro e madeira
um bocado disso e daquilo
em câmera lenta e desfoque

eu não ficaria aqui nem mais um segundo
estava tranquilo e o silêncio era uma merda
o caminho cheio de pedras 
mas o chinelo aguenta
borracha e resina sintética
tudo foi criado antes desse lugar

eu não poderia me ajudar
algumas pessoas são facilmente enganadas
estagnadas e ficam lá
horizontalmente reclamando da cortina
ela não esconde a janela inteira
e o sol sempre acha um buraco
e é um pouco agradável
não muito nem o suficiente
mas nunca trocam a maldita cortina

poderia ser pior mas que se foda
andar e se perder não é tão ruim assim
para isso existem as bussolas e mapas digitais

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