terça-feira, 25 de setembro de 2012

meio-fio


olho para os dois lados antes de atravessar a rua
o semáforo desdenha seu reflexo avermelhado
gotas de sangue espalhadas pelo chão
o choro dos pombos e da falta de migalhas
na calada da noite
as vozes que falam mais alto
gritam berram esperneiam
tantas palavras rabiscadas com unhas postiças
e ninguém para ouvi-las
não há carros ou mendigos ou abraços
rostos passam correndo
para onde foram as despedidas?
longe demais
no fim das contas
a calçada é a única companhia

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