terça-feira, 10 de abril de 2012

sonífero

olharam os olhos a mesma direção de sempre e deram a cantar suaves melodias em um francês arrastado doce demais em torrões de açucar mascavo. colorindo a dedos, telas de seda e pincéis, destinou-se a documentar o mundo. catalogando a cada espécie diferente, sorrindo em diante espelhos e rostos plastificados, não temeu a coleta seletiva. destino indiscutível, irremediável, não bio-degradável. absteu-se de cama e sono e amores passageiros e se orgulhou por um momento. quanto tempo não se divertia assim e as lembranças da infância lhe causaram dores brandas em cabeça refrescada pelo toque suave das cobertas e águas e saudade. precisou um pouco de binóculos de visão noturna para enxergar de longe os corpos desnudos e sem nenhum toque de vergonha ou pudor ou mecanismos de defesa desnaturados e roupas. repedindo o que sempre sonhara, o imperfeito é a melhor criação semântica. não existiram margens de erro em suas horas infindáveis de calculos diferenciais desintegrados e esfarelados. reconstruiu os sonhos, pedaços a cada um e molduras de madeira e verniz. dormiu. delicadamente belo, insansávelmente puro. dormiu.

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