sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ato contrário

tudo quanto fosse real
inimaginavelmente seguro
eu vi de longe as falhas
e rachaduras no caminho
tive um momento oportuno
entre ressabiados passos mudos
cheios de nada na cabeça
vazios de peito e mágoas
e acompanhando de rente a chuva
caída em vertigens esporádicas
vi olhos chorando de raiva
medo ou displicência ou coisa que o valha
e nunca se tarde quanto fosse
minha voz falhara de fato
tanto grito calado
as verdades envergonhadas
diziam para o tempo passar
se passa e volta e acalma
quantas vezes fossem
e nas rosas de espinhos frágeis
tocamos mão e dedos
medrosos dedos gelados
reticulando partículas móveis
dos anexos proeminentes
em quais os dois ficamos tardes
voltarei atrás caso contrário
acordo em sono e fome e morte
em dias que não voltarão mais
passo de tudo que suposto
desejo angústias enumeradas
cada uma em lugar disposto
desconcertos compromissados com desgosto
redirecionados para o nada
somente eu homem de sorte
vejo ao longe que nada perdi
perdi de fato vontade própria
esqueci em bolsos arruaceiros
que tanto já esconderam de mim
e voltando ao início de suposto
contrário em atos controlados
subimos vista e olhos cansados
imaginando pássaros que fossem
voamos baixo e caímos cedo
antes de hora longe de fugir
em qualquer moribundo momento
voltamos cansados da fuga
ao recomeço desesperado
para ser somente o que não somos



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